No momento em que a Covid-19 parece perto do fim graças à vacinação em massa, o globo enfrenta uma pandemia silenciosa trazida pela perda auditiva, que tem o seu tratamento: cuidados no dia a dia e diagnóstico precoce
Nos últimos meses, o fim da pandemia de Covid-19, que nos afeta desde março de 2020, parece mais próximo. Em muitas cidades do país e do mundo, a queda nos índices de contágio e de óbitos fez com que muitas medidas restritivas fossem retiradas, como a obrigatoriedade de uso de máscaras, seja em ambientes fechados ou abertos. Neste Dia Mundial da Saúde, porém, nosso foco será falar de uma pandemia silenciosa desconhecida por muitos, a perda auditiva.
Basta observar alguns dados para confirmar a gravidade deste quadro. Estima-se que, no Brasil, 10,7 milhões de pessoas sofram com algum tipo de limitação auditiva, o equivalente a mais de 5% da população. Há uma prevalência maior nos homens no Brasil: 54% dos diagnósticos são para o público masculino e 46% para as mulheres. Desse total, 2,3 milhões sofrem com deficiência severa. Os números são de uma pesquisa do Instituto Locomotiva.
O cenário não é diferente no restante do mundo. As Nações Unidas estimam que 466 milhões de pessoas sofrem de perda auditiva em todo o globo. Nesse índice, cerca de 34 milhões de casos são de crianças. E o pior: muitos não procuram ajuda para esse problema por desconhecimento ou até mesmo preconceito.
Por que chamamos de pandemia silenciosa?
O conceito de pandemia, conforme a OMS, é a disseminação mundial de uma nova doença, quando um surto ou epidemia, se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. É claro que a Covid-19 é um quadro muito diferente da perda auditiva, que não é propagada por um vírus.
No entanto, a perda auditiva se tornou uma condição que afeta a todos os países, independentemente de sua localização geográfica ou tamanho do Produto Interno Bruto. De acordo com a OMS, em um relatório mundial sobre audição, divulgado no ano passado, cerca de 2,5 bilhões de pessoas da população mundial terão algum grau de perda auditiva em 2050. Isso equivale a 25% da população do planeta.
Se no caso da Covid-19 a criação das vacinas foi a forma de proteger a população contra a doença em sua versão mais grave, a pandemia silenciosa também tem solução: prevenção e diagnóstico precoce. O mesmo relatório da OMS indica que 60% dos casos existentes no mundo poderiam ser evitados com mais cuidados adequados.
Existe vacina contra a pandemia silenciosa: a prevenção e diagnóstico precoce
De acordo com a OMS, as precauções contra a perda auditiva podem se caracterizar em três níveis:
– A prevenção primária visa evitar o surgimento de uma condição de saúde adversa, com cuidados no dia a dia e muita atenção a qualquer sinal relacionado ao problema.
– A prevenção secundária objetiva detectar uma condição em seu estágio inicial, o que torna mais simples de tratá-la e evita o seu agravamento. Ou seja, investir em cuidados e informação para que as pessoas busquem ajuda nos estágios iniciais da perda auditiva.
– A prevenção terciária ocorre quando, apesar de já existir a condição, são feitos esforços para recuperar a função e diminuir o impacto na qualidade de vida do paciente. Estima-se que duas a cada três pessoas com perda auditiva sofrem com dificuldades em sua rotina.
Deixando o preconceito de lado
O primeiro passo para que as pessoas passem a buscar mais prevenção e o diagnóstico precoce é terem mais informações sobre o quadro e perderem o preconceito referente à perda auditiva. A condição não está necessariamente relacionada ao envelhecimento, embora seja mais comum na população de mais idade.
De acordo com a OMS, as causas mais comuns são: questões genéticas, complicações no nascimento, doenças infecciosas, infecções crônicas do ouvido, uso de medicamentos específicos, exposição a ruído excessivo e envelhecimento.
Se observarmos a população brasileira, atualmente são cerca de 60 milhões acima de 50 anos, quando os sintomas da perda auditiva costumam se manifestar. Em 2050, a estimativa é de que sejam 98 milhões de habitantes com mais de 50 anos.
Mas os cuidados e a atenção precisam vir desde a infância. No caso de jovens e adolescentes, a instituição reforça que seis em cada dez casos são por causas evitáveis, como elevada exposição a ruídos e uso demasiado de fone de ouvido, entre outras.
Independentemente da idade, quando há o diagnóstico da perda auditiva, o principal tratamento é o uso de aparelhos auditivos para os casos de perdas leves a severas – detectados na condição ideal – e os implantes cocleares para perdas profundas.
O ideal é que o paciente não espere o quadro se agravar até começar a usar os aparelhos auditivos,conforme explicamos neste artigo do blog.
Quanto mais cedo os cuidados forem tomados, mais sucesso no tratamento e menores os efeitos na rotina. Neste Dia Mundial da Saúde, fique atento à sua saúde e de seus familiares para que não se tornem vítimas desta pandemia silenciosa. A vacina está em nossas próprias mãos: atenção aos primeiros sinais de perda auditiva e a busca de ajuda especializada para um diagnóstico precoce.